quinta-feira, 29 de março de 2012

Balé Onírico dos Amantes.


Estávamos próximos, muito próximos... Teu cheiro dançava nos meus sentidos, dançava o nosso ritmo. As lembranças vinham na memória como um filme bom. Todos os beijos, abraços, amores, os risos e gestos montavam uma redoma de cumplicidade. Estávamos próximos. Sentir tua pele, teu calor... Sentir que tudo vale a pena para estar ao teu lado. De repente minha pele e a tua não conseguem se distanciar, precisam sentir o calor que vem da outra.
Estamos envolvidos em que? Qual sentimento nos enlaça? Qual energia nos faz próximos? As cores, as formas, o cheiro, o querer... Minha pele passeia na tua, tuas mãos descobrem o quanto estou perto, nossos cheiros se tornam uma só essência, nossos olhos em admiração plena buscando sempre um ao outro e propondo que nossas lembranças se reavivem.  Tua pele, minha perdição. Teu cheiro embriagador, minha fonte de ternura. De repente, a música que só nós dois ouvimos começa a tocar... Seu ritmo estonteante amarra nossas almas, nos mistura, faz-nos juntos.
Os beijos se perdem no nosso corpo... Esquecemos o mundo a nossa volta, as pessoas, os lugares. Esquecemos circunstancias que nos deixam distantes e queremos estar grudados. Os beijos que esquentam, acalmam, despertam. Passaram-se horas? Dias? Há quanto tempo estamos ali? Saímos pela noite buscando um lugar nosso, uma vida nossa. Mas o ritmo incessante daquela sinfonia entre nós não para. E os beijos, carinhos e prazer trocados só pedem para se repetir.
Quantos princípios nos separam se sempre desejamos o mesmo fim? Esquecemos e procuramos o nosso caminho. Jogo pra trás tudo por essa noite, pelo hoje, pelo momento que poderei sentir novamente tua pele descobrindo os caminhos do meu corpo. Quando espero poder sentir mais uma vez tua pele e a minha incessantemente queimando. Queimando em fogo ardente de desejo. Queimando nossos princípios, nossos motivos. Queimando passado, presente. Queimando e não querendo nada além do corpo do outro. Queimando e reinventando a nossa sinfonia.
Espero que você queira como eu. Espero que você pense em nós como eu penso. Espero a reciprocidade de tanta harmonia meio ao caos. Você continuava ali do meu lado. Nossos pensamentos pareciam gritar e se faziam visíveis. Por que sentir tua pele era sempre tão bom? Seria mais fácil parar a música se ele não fosse prazerosa, compassada, harmônica. Por que teu cheiro ganha meus sentidos sempre?
Nós dois lado a lado. Abraçados, unidos. Nossos carinhos trocados passeando pelo corpo do outro. Nossos beijos desnorteando, aquecendo, envolvendo. A vontade, o querer mais se fazendo incontroláveis. E seguimos assim... Meio a beijos, abraços, carinhos, muito desejo, muita pele. Seguimos assim... Nesse aproximar e afastar, aproximar, afastar, aproximar, perder controle, aproximar, sempre aproximar. Aproximar, descobrir, contemplar, enlouquecer.
E nossa sinfonia segue sem fim... Querendo o outro, passeando no outro, descobrindo o outro. Envolvendo nossos corações no mistério infinito que é a expectativa do amanhã, pelo simples motivo do amanhã sempre nos levar ao mesmo fim. Confesso... Eu não quero deixar de ouvir essa música.