No amor e na guerra vale tudo, ouvi certa vez. Mas
como saber se é amor pra valer toda uma guerra? Nos caminhos que trilhamos
aparecem sempre muitas pessoas, com algumas nos envolvemos, outras deixamos
fugir, algumas até preferimos ficar longe, mas quando acontece aquela loucura necessária pra embriagar
os sentidos, percebemos, é a pessoa, é amor.
Talvez ela nem
saiba a importância que tem, ou talvez, não significamos o mesmo pra ela, mas
sempre sentimos vontade de dar o melhor de nós. Pode-se dizer que é com essa
pessoa que construímos os valores na vida que mais respeitamos: a sinceridade,
o zelo, a vontade de não falhar nunca, o amor incondicional que aprendemos a
dar, a gentileza, a ternura... e tamanha responsabilidade depositada sempre vem
acompanhada de mágoas, ou por melhor dizer, dores de amor.
Essas dores que
lembramos por muito tempo e que nos vale como experiência ou expectativa,
carregamos conosco sempre, por mais que um dia isto seja negado. Mas nunca
chegam a ser dores odiosas, sempre são dores com vontade de ter vivido
diferente ou de ter aproveitado mais aquele tempo que se passou junto de quem
se gosta. Lamentamo-nos por tudo, brigamos com nós mesmos por não ter vivido
tudo que se quis, choramos, enfurecemos, entristecemos, desistimos,
persistimos, e o amor sempre lá.
O que fazer? O
que resta? Quando a distância é fruto de erros nossos rodamos o mundo tentando
buscar uma saída, rodamos o nosso mundo, ou o mundo que se construiu para quem
se ama. Pouco importa se ela vale o esforço, ou se tudo que você faz nem vai
ser notado, o que conta mesmo é estar buscando viver tal felicidade que nos
acostumamos a ter. Ou que queremos ter. O que realmente importa é amar,
exercitar todo o amor. Mas e se ela não aceita o amor? Se ela te proíbe de
entregar seu coração a ela? Se você se vê impossibilitado de dar o que há de
mais puro e intenso dentro de si?
Como nada é
perfeito o que os resta é aceitar. As circunstâncias que vivemos nos fazem
perceber que a vida não é perfeita, e que se bem quisermos tal perfeição
teremos de lutar. Lutar para nos tornar pessoas melhores, lutar pelas crenças,
lutar pelo que vale a pena, lutar pelos sentimentos e principalmente lutar
contra a nossa covardia. O amor não é um sentimento humano, o amor é divino desde
o primeiro instante que invade nossa alma. É este o pedaço do céu que
carregamos em nós. Seja amor Ágape, amor Eros, o que realmente importa é que
seja verdadeiro. E por esta verdade até onde chegaremos?
Até onde iremos
colocar regras no amor, até quando condicionaremos nossa vida inteira ao banal,
supérfluo, imperfeito? Até quando seremos capazes de viver sem lutar pelo amor?
Até quando renunciaremos o amor? Toda forma de amor nos ensina algo: faz-nos
crescer, nos ensina a felicidade, torna-nos sábios, faz de nós experientes,
maduros. Então para que fugir disto?
Quando amamos de
verdade, sem egoísmo, sem querer o outro para si e quando a felicidade dele é
mais importante e significativa do que a nossa, quando vivemos este altruísmo
amoroso, reaprendemos a agir. Pois agora você não quer mais ser dono do outro,
mas sim, quer vê-lo em sua liberdade feliz, perto ou longe de si. Você aprende
a valorizar cada segundo ao lado do ser amado, a prestar atenção no que ele te
diz e a cuidar em não machucá-lo. Zelar e preservar o mundo entre vocês.
Quando amamos de
verdade, não exigimos, apenas recebemos e valorizamos o que o outro nos dá.
Sentimo-nos culpados em não sermos os mais perfeitos ou melhores para quem se
ama, e reconhecemos isto. Enxergamo-nos fracos e covardes, incapazes. Mas ao
mesmo tempo, corajosos, ousados por viver um sentimento em todas as suas
possibilidades. Quando é amor queremos dar o melhor, a compreensão, a amizade,
a ternura infinita. E lamentamos a brevidade dos dias.
Quando é amor
sincero, a sua história com o outro pode durar menos de um dia, mas será o
suficiente para te fazer feliz por muito tempo. Quando é amor, simplesmente
amamos. Sem regras, sem moral, sem certezas, apenas amamos e isto basta.