quarta-feira, 25 de julho de 2012

Vingando-se da Morte.


                A melhor forma de vingar-se da morte é ter a melhor vida possível. Nada podemos fazer para fugir da indesejada das gentes, mesmo que completemos 100 primaveras, um dia partiremos deste mundo, voltaremos ao mistério de nossa existência, o tempo fará com que fiquemos no ontem. É uma verdade cruel a nós humanos sabermos que um dia ninguém saberá das nossas dores, angústias, felicidades e conquistas do hoje.
Mas afinal, qual o sentido de tudo isto? Qual o sentido desta caminhada rumo ao desconhecido? O que podemos fazer para que tudo valha a pena? O sentido deste caminho é o rumo que damos a ele. O sentido das nossas vidas é aquele que nos faz feliz. O que nos resta a fazer é vivermos todos os momentos que nos fazem bem, nos jogarmos na vida sem contar com o amanhã, afinal não sabemos o que nos reserva o amanhã, talvez o futuro seja apenas o reflexo do que é construído no agora. A nossa fragilidade humana cria expectativas de um amanhã para que nos limitemos, possamos nos manter calmos e conformados, mas meu esperançoso leitor, se nós formos capazes de olhar por cima do muro que nos trava, veremos, não existe nada além do reflexo do agora.
                Por vezes tentamos viver o passado, noutras tentamos viver o futuro, nos perdemos meio as nossas expectativas e tentamos viver todos os dias de uma só vez. Mas não conseguimos. Um dia de cada vez. Só assim aguentamos carregar toda a nossa bagagem, toda a história da nossa existência. Dosar o tempo não é tarefa fácil. Aliás, o que é o tempo? O tempo é a tentativa frustrada do ser humano controlar o amanhã. O tempo é a tentativa sem sucesso de cada um de nós sabermos o que nos reserva a página seguinte. O tempo é a ilusão que criamos a cerca do amanhã. Os dias, o tempo, o futuro, todos são segredos criados por nós, segredos que misteriosamente nos acalmam.
                Solitário leitor, se me perguntares por Deus, se você argumentar dizendo que Deus tem um plano especial para as nossas vidas, eu retruco respondendo com algumas perguntas: E as nossas escolhas, também são planos de Deus? Somos fantoches do abstrato criador de tudo? Não seria egocentrismo achar que com tantos problemas no mundo, tantas doenças incuráveis, tanto caos sobre a terra, Deus se importaria com as bobagens que nos afligem a cada 5 minutos? Não acho que Deus em sua infinita bondade seria tão passivo para assistir tudo e nada fazer, assim como não posso crer que Deus seria um carrasco de castigar nossos pequenos delitos diários. Não posso crer que Deus seria o reflexo semelhante de tamanha imperfeição humana. Não posso crer que nós humanos limitados seríamos capazes de entender Deus. Mas ainda assim creio que a ideia Deus nos faz bem. É muito cruel imaginar que estamos sozinhos, que nada faz sentido, que nada podemos fazer contra a morte, que somos apenas resultado da evolução de outros animais.
                Meio a tantos mistérios existenciais, meio a tantas dores sem motivo, meio a tantas ilusões que nos consolam, seguimos nossas vidas, carregamos a beleza desta chance maravilhosa que temos para fazermos o melhor pelo semelhante e por nós mesmos. Carregamos a chance de sermos felizes todos os dias. E a nossa felicidade, a nossa cura, a nossa paz interior só depende do que construímos dia após dia.