terça-feira, 18 de junho de 2013

Da Revolução e outros feitos.


                O dia mais temido pelos governantes chegou... Depois de um longo inverno de manifestações, as camadas sociais se uniram para ter voz. Pegaram suas armas: ideias, coragem, sonho e foram encarar a realidade do nosso país. Acordaram para a realidade que nos envergonha desde que fomos colonizados. Perceberam que sem luta não há justiça, não há paz, não há cidadania. Finalmente o grande dia chegou! Infelizmente, como em toda revolução, há os que apoiam os ditadores, há aqueles que acham que nada irá mudar, há os que adiam a luta por desmerecê-la. Não nos incomodemos com estes, serão os primeiros a bajular quem tiver o poder, e gente assim, nem merece nossos ouvidos.
                Senti-me muito orgulhosa na noite de ontem, assistindo as cenas de gente que lutava pela esperança de dias melhores em nosso país. Não era um manifesto pelo preço das passagens como vivenciamos ano passado em algumas cidades, ou um manifesto isolado dos inconformados com essa sujeira, que convivemos há tantos anos; era um despertar. Infelizmente também como em toda revolução, houve os extremistas que acreditam mais na força de uma tapa (ou depredação) do que na força das ideias. O fato é que a força das ideias e da união de um povo falou mais alto. Estamos vivenciando há vários dias o despertar da voz popular, a volta da nossa força que se sustenta em justiça, cidadania, igualdade, honestidade.
                Quem diz que o povo brasileiro é corrupto e que gosta de políticos corruptos é um alienado. Alguém que pensa assim foi oprimido e teve sua voz arrancada. Como todo agressor faz com sua vítima, o governo sujo tenta fazer o povo acreditar que é o grande culpado pela sujeira e corrupção praticada pela minoria dominante e opressora. O povo não gosta de sujeira, ele apenas acredita e tem boa-fé quanto aos canalhas eleitos que traem o voto recebido. O povo sempre deixou claro o quanto sonha com um país justo, sem miséria, sem analfabetismo, sem segregação. Tanto que a maior qualidade do nosso país é o nosso povo! A grande crueldade desses bandidos que deixaram nosso país como está (repleto de enormes problemas sociais) são as promessas feitas e as medidas resolutivas de curta duração executadas. Fazem os eleitores acreditar em sua bondade e retidão moral para depois (somente depois) mostrarem quem são. E o povo oprimido e alienado acredita e por mais 4 anos sofre. Ainda bem, que a educação e senso crítico foram democratizados, ambos por tanto tempo distanciados dos marginalizados da sociedade, agora estão acessíveis e avançando a largos passos rumo ao alcance de todos.
                Obviamente, nunca haverá um consenso quanto às revoluções... Ainda bem! Isto prova a nossa liberdade de expressão e pensamento! Mas o sentimento que moveu aquelas milhares de pessoas ontem não morrerá tão fácil, nem tão cedo. Posso dizer ao meu filho que o mundo está ficando melhor, que não me envergonharei da realidade que será entregue a ele. Pois um povo que clama pelos seus direitos, um povo que reage às opressões é um povo que merece o respeito de todos. Obrigada a todos os manifestantes da noite de ontem, até mesmo aos que se excederam (afinal, convivemos por tanto tempo com os excessos da roubalheira e bandidagem na nossa política, que um pouco de vandalismo não fará mal a ninguém!), muito obrigada por transformar o nosso país. E dia 20 nos aguarde! Tomara que o nosso 20, possa ser lembrado como o dia que o Piauí acordou! Boa esperança a todos nós!

sábado, 15 de junho de 2013

Página de Diário.


...lembrando-me de um dia qualquer.

                Minha memória é meu maior algoz. Por tantas vezes já fui criticada por me lembrar de tudo. Por me lembrar das dores, das maiores alegrias, dos momentos de ternura, pelos motivos de gratidão ou de rejeição. Acredito que lembrar faz parte da construção da nossa vida, é uma forma de recriar o momento que foi vivido. Nossas memórias são a bagagem que carregamos na vida, é o que trazemos para nos fazer sobreviver diante dos caminhos que escolhemos.
                Mas como posso esquecer tudo aquilo que vivi? Por qual motivo eu iria apagar tantas experiências, emoções, sensações? Se algo foi ruim carrego como aprendizado, se foi bom será meu oásis imaginário. Preciso de um passado para ser quem eu sou no presente, preciso de um futuro para acreditar, para ter fé em dias de felicidade. E o que resta ao presente é viver tudo que se quer viver, viver o que se escolhe, viver o que dá pra viver. Talvez por este motivo eu não entenda bem as pessoas depressivas, acho que a depressão é a falta de lucidez, a falta da consciência da grande oportunidade que nos foi dada ao nascer. A vida é maravilhosa por pior que sejam as circunstâncias nas quais se vive. Temos a chance valiosa de lutar para mudar o que nos faz mal, a chance de conquistar amores, grandes felicidades, tentar realizar nossos sonhos. Não podemos esperar dos outros tudo aquilo que cabe a nós sermos ou fazermos. Não podemos esperar do outro os motivos para a nossa felicidade. O outro já tem sua vida para viver e não pode ser refém das nossas expectativas. Não podemos cobrar que o outro se torne alguém que idealizamos sozinhos. O problema é que muitas vezes as pessoas se acomodam e desistem das suas lutas.    
                Constroem ao seu redor redomas, limites, frustrações alheias, deixam-se manipular pelas religiões, pelos padrões sociais, pelas regras de tudo que se imagine e esquecem-se do principal, a sua felicidade. Ser feliz não é ter todo dinheiro do mundo, ter as melhores roupas ou os melhores carros. Ser feliz é estar livre, é vestir o que se tem, ir aonde se pode ir, estar com quem se quer estar, fazer o que dá vontade e sentir aquela paz no coração. Ser feliz é estar em paz. Não interessam os problemas, ou as contas, ou os prazos, todo mundo tem obrigações. O que realmente interessa é a consciência que só temos essa chance de fazermos as coisas darem certo, e precisamos aproveitá-la antes que caia a tarde sobre nós. E neste ponto volto ao princípio do texto, a memória. É tão valioso lembrar, lembrarmo-nos dos momentos que se viveu, afinal, em momentos de dor a memória lembra que é possível ser feliz, mesmo que por poucos instantes, ou então lembra-nos que é necessário fugir dos mesmos erros, ou que se deve lutar para mudar a realidade.
                Perdoe-me se não esqueço meu passado, mas se assim o fizer deixarei de ser eu. Cultivo sentimentos às memórias que tenho, cultivo a ternura aos bons momentos, a raiva aos que me machucaram e a gratidão aos que me ensinaram. Não tente me mudar, talvez essa seja a minha maior virtude. Não tente me prender nas suas frustrações ou recalques; não tente me domesticar, me pacificar, sou sujeito ativo apenas da minha própria vida, não tento modificar ninguém por capricho. E agora, antes que estas palavras virem livro de autoajuda coloco a caneta em um canto e vou viver o que eu quero.

Perdoem-me poucos leitores...

                Quanto de vida se passou desde o último texto?... Acho que caberiam várias vidas e histórias desde então. Desculpem-me poucos leitores por tamanho tempo de abstinência textual, tentei tantos rabiscos, tentei codificar meus escritos, tentei esconder meus sentimentos, tentei fingir que estas palavras não eram minhas, tentei fugir do meu reflexo no espelho... Mas não podemos fugir de nós mesmos! Foi a maior lição que aprendi nos últimos tempos (ou por assim dizer, reaprendi!).
                Então, volto a atormentá-los com minha tormenta constante... Escrever para fluir o que guardo em mim, o que penso no disfarçado barulho que faço. Escrever para ser feliz, para existir no mundo, ou simplesmente, escrever para curar as feridas, para conversar com quem lê, para fazer o que amo.

                Espero que vocês, meus amigos generosos ou inimigos curiosos que irão ler os textos que estão por vir, possam ter tempo para chegar ao fim de cada texto, ou paciência para terminá-los. E que venham as palavras!