É isto que
você faz com a sua única chance neste jogo? Certa vez me vi pensando isto sobre
a vida. E quando penso na vida, penso também em religião, amor, sexo, amizades,
tantas outras coisas se conectam a pergunta que me fiz. E já que estou
divagando em pensamentos, então continuo o meu passeio mental, levando você
também, meu querido e solitário leitor.
Acredito em coisas tolas. Acredito que se eu tenho
uma chance de melhorar tudo ao redor não vou dispensá-la. Se todos nós teremos
o mesmo fim não vou tratar ninguém diferente por ele ter nascido em outra classe
social, de outra cor, muito menos por ele ter mais ou menos idade que eu, o
respeito é o mesmo para todos. Se eu tenho uma só chance neste jogo de vida que
sempre irá acabar na morte, irei me permitir ser feliz, fazer aquilo que achar
justo e a única lei que prevalece é não prejudicar o outro. Permito-me ser
livre em todo segundo que eu for viva. É exatamente neste ponto que entra a
minha aversão a ter uma religião... Qual a relação? Eu explico. Não me permito
aceitar que o meu deus é melhor que o seu deus, que deus é diferente para cada
grupo, que eu segregaria alguém ou diria a este alguém que ele está errado em
sua fé. Não me permito que alguém igual a mim, me diga o que deus acha melhor
para minha vida, afinal se somos todos iguais, se todos nós temos pecados,
porque deus não sussurraria ao meu ouvido? Não me permito comprar coisas
‘sagradas’ e rememorar a época das indulgências... Não me
permito ser presa em minha fé.
Não consigo aceitar a ideia de uma religião ditar a
quem devo amar ou como devo amar ou o que devo fazer dentro de todas as
possibilidades deste amor, seja amor Eros ou Ágape. Não consigo aceitar as
amarras sufocantes e repressoras desta ideia sequer. Não aceito que uma
religião me diga a quem devo ser simpático ou confiar. Que me ditem com quem
devo falar em tom amigável, afinal, se sou amiga ou simpática a alguém é porque
aceito seus defeitos e virtudes e o resto não é da minha conta, a vida de cada
um só cabe a si mesmo. Da mesma forma que o deus de cada um mora em si. Estes
devaneios que precisam ser expostos aliviam uma alma atordoada que busca a paz
interior. Poderia eu buscar a Deus para acalmar meus ânimos, mas prefiro buscá-lo
na racionalidade dos meus pensamentos.
É pensando em tantas coisas estranhas e ao mesmo
tempo lógicas para mim, que me respondo e consolo, sim é isto que farei com a
minha chance neste jogo, afinal é minha única chance. Talvez acreditar em
tantas coisas atípicas seja apenas o desespero de uma alma que já não acredita
no mundo, ou talvez seja só a vontade de enxergar de fato um mundo melhor algum
dia. Enquanto isto, eu sigo calmamente com as minhas bobagens textuais.