Quando falo que
não gosto de política partidária meio a minha família sempre parece que estou
fazendo aquilo para afrontá-los ou para ser diferente. Quando afirmo isto meio
às outras pessoas geralmente pareço alienada ou revoltada. Pois bem, dedico
algumas linhas agora para a minha defesa. Se recorrermos aos dicionários, a
definição de política é a ‘arte de governar os estados e regular as relações
que existem entre eles’, se nos aprofundarmos no tema saberemos também do dever
que os administradores dos estados tem com as leis que regem seu país, estado,
cidade.
A ideia utópica
desta política tendo como base a nossa Constituição Federal muito me agrada.
Imaginar uma sociedade justa, pautada na igualdade entre os seres, tendo um
administrador com boa-fé em seus objetivos, onde todos têm as mesmas oportunidades
e livre acesso à saúde, moradia, alimentação, saneamento, dignidade, trabalho,
justiça gratuita e célere, uma sociedade onde todos são iguais em direitos e
que o voto é capaz de representar a vontade e as necessidades da maioria, tudo
isto me parece uma materialização da perfeição, o paraíso na terra, a melhor
invenção humana. Quando nos deparamos com a realidade pouco disto se concretiza
(sendo bem otimista). Nossa sociedade é maculada pela corrupção desde tempos
remotos, o favoritismo político é visto como algo natural aos olhos da maioria,
os interesses privados sempre são colocados na frente dos interesses públicos.
Por qual motivo
isto ainda acontece se nos tempos atuais temos tanta informação? Temos tanta
lucidez (aparentemente) de tudo que precisa ser modificado e ainda assim velhos
lobos políticos são eleitos. Qual o motivo para estarmos sempre diante da mesma
sujeira eleitoral? Pois bem, se isto ainda acontece, a culpa é nossa. Sim caro
leitor, a culpa é NOSSA. Afinal quem elege os representantes dos nossos
interesses somos nós. Quem não fiscaliza o suficiente a forma de administração
dos nossos eleitos somos nós. E pior, quem reelege os mesmos erros somos nós.
Não nos falta leis, não nos falta informação, não nos falta opção, o que nos
falta é coragem de exercer nosso poder de escolha. O que nos falta é coragem de
pensar e formar uma opinião própria. Mas infelizmente, o que também nos falta é
independência.
Tudo bem, a
maioria de nós é omisso quanto as suas obrigações de fiscalizador do Estado,
mas no instante que depositamos nosso voto de confiança por 4 anos em um
candidato, esperamos no mínimo que ele não nos decepcione. A propaganda
eleitoral feita pelos mesmos são as cláusulas do contrato que firmamos com o
nosso voto. Somos seduzidos pela esperança de dias melhores (ainda que
estejamos sendo ‘favoritistas’ a nós mesmos), somos enganados pelas promessas
de mudança, pela proposta de fazer diferente que muitos pregam e nada cumprem.
Sentimo-nos burros quando mesmo depois de muito escolher e pesquisar o melhor
candidato, este se mostra igual a todos os seus antecessores. Perdemos a
esperança no mundo, perdemos a esperança nas pessoas. Perdoe-me qualquer
candidato bem-intencionado se houver, mas o que nos parece é que todos querem
se eleger para ter sua parte corrupta do dinheiro público. Como diria um bom
professor de História que tive “nada mais conservador que a oposição no poder,
e nada mais liberal que a ‘direita’ na oposição”. A ideia deste pensamento nos
remete ao velho filósofo que nos ensinava que o homem era corrompido pelo meio.
Nem sempre concordo com este pensamento, mas quando o assunto é politicagem
isto tem muita verdade. Por mais “puro” que pareça o candidato, mais cedo ou
mais tarde ele se mostra igual. Seja por não conseguir ter força política com
suas utopias, ou por gostar da sujeira que encontra.
A culpa é deles,
a culpa é nossa. Eles deveriam honrar o nosso voto, nós deveríamos não nos
acomodar. Quando procuramos um candidato que nos beneficie apenas (interesse
privado antes do interesse público) estamos sendo corruptos. Quando eles
esquecem as promessas de melhoria coletiva e procuram somente benefícios para
si estão sendo corruptos. Todos nós precisamos mudar se quisermos ter uma
sociedade mais justa, mais próxima do que prega nossa Carta Magna.
Por fim, aos meus
parentes, amigos ou pessoas que me incitem a discutir política, digo que não
gosto desta política suja que conheço tão bem, mas ainda acredito que dias
melhores poderão vir. Enquanto isto, eu tento fazer o mínimo possível, levar
quem lê estas bobagens a pensar no futuro político que estamos escolhendo. Bom
7 de outubro para todos nós!